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Igrejas e Capelas
IGREJA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE – IGREJA MATRIZ DO PORTO SANTO
De traça maneirista, embora também com elementos barrocos e rocailles, esta igreja classificada como de Imóvel de Interesse Municipal, possui um interessante espólio de pintura, escultura e ourivesaria. A primitiva igreja do séc. XV, foi mandada construir pelo infante D. Henrique, mas um incêndio em 1667 obrigou a nova construção. O altar-mor tem retábulo em madeira, de traça maneirista, do séc. XVII, de oficina regional. Neste altar está uma pintura “Nossa Senhora da Piedade”, atribuída ao pintor do protobarroco português, Martim Conrado, parceiro do pintor régio Avelar Rebelo (c.1600-1657). No altar estão mais duas pinturas, representando “José de Arimateia” e “Nicodemos”, assinadas por Max Römer (1878-1960). Os retábulos colaterais datam do séc. XVII, havendo, no entanto, no lado do Evangelho, no altar do Coração de Jesus, duas pinturas de pequenas dimensões ainda do séc. XVI – “Pai Eterno” e “Decapitação de São Brás (?)”. Também do séc. XVI, uma imagem de “Nossa Senhora”, tradicionalmente designada de Nossa Senhora da Expectação, em madeira estofada, dourada e policromada de oficina flamenga. Numa das capelas da igreja está uma pintura a óleo sobre tela, “Noli me tangere”, assinada em 1653, por Martim Conrado, reveladora da linguagem protobarroca através dos jogos lumínicos e linguagem tenebrista. Nesta igreja conservam-se, ainda, azulejos do séc. XVII, de padrão polícromo, no coruchéu da torre, recuperados durante alguma campanha de obras e ali colocados em 1899. À guarda da fábrica da igreja está um desmembrado retábulo de talha, possivelmente do séc. XVI ou princípio do séc. XVII. Interessante é também o conjunto escultórico “Última Ceia”, executado em madeira dourada e policromada, do séc. XVII e de oficina regional. De referir ainda o espólio de objetos em prata do séc. XVII, XVIII e XIX (naveta, custódia, cofre) e o painel de azulejos – “Nossa Senhora da Piedade” (séc. XX), oferta de D. Laura Gilbert e seu marido, benfeitores da matriz do Porto Santo, que eram proprietários da Fábrica de Sacavém. Nesta igreja identificam-se materiais regionais como sejam as cantarias brancas do Porto Santo entre outras. Esta igreja esteve sujeita a vários saques de piratas e corsários, como em 1566 (franceses, comandados por Montluc), 1617 e 1667 (argelinos), 1708 (ingleses, comandados pelo capitão Amias Preston).
CAPELA DO ESPÍRITO SANTO
A Capela do Espírito Santo, situada no Campo de Baixo, encontra-se envolvida por uma zona habitacional. Originária numa capela do séc. XVI, sofreu remodelação ou reedificação nos séculos XVII e XVIII. A intervenção mais significativa decorreu em 1793 mandada executar pelo então administrador capitão Sebastião António Drummond, cujas obras se prolongaram até 1819, data em que é solicitada autorização para benzer a capela. Desta campanha de obras deverá ser a pia de água benta executada em pedra do Porto Santo, próxima à configuração de uma concha, gomada no interior e exterior, embutida na parede. Possui um retábulo do séc. XVII, executado entre 1650 e finais de setenta, atribuído ao imaginário madeirense Manuel Pereira, ativo entre 1624 e 1679, ou a um seguidor dos seus modelos, como o seu sobrinho, o entalhador Manuel Pereira de Almeida, ativo entre 1677-1720/1730. Mas é a pintura “Sagrada Família” e o retábulo de talha dourada e policromada que testemunham a existência de uma primitiva capela do séc. XVI e uma campanha de obras no séc. XVII. São duas peças fulcrais do património devocional e artístico desta capela e da Ilha do Porto Santo. Trata-se de uma pintura a óleo sobre madeira, do séc. XVI, de cerca de 1530, de oficina flamenga (Antuérpia) próxima aos círculos de Joos van Clève (1485-1541) ou de Quentin Metsys (1466-1530).
CAPELA DE SÃO PEDRO
De pequenas dimensões, localizada na encosta do Pico de Ana Ferreira, a capela de São Pedro, também classificada como Imóvel de Interesse Municipal, é uma construção do séc. XVII com obras significativas no séc. XVIII, sendo o retábulo-mor de finais de setecentos. Daí a sua tipologia integrada numa linguagem maneirista e barroca. É de planta longitudinal, de nave única e capela-mor mais baixa. Na fachada, terminada em empena com cruz, está o pórtico de arco pleno, em cantaria cinzenta, com cornija reta e saliente, com imposta, sobrepujado por janela moldurada de cantaria cinzenta. No interior observamos o teto da capela-mor, pintado, tendo no centro os emblemas de São Pedro, anjos e elementos vegetalistas. O púlpito, de caixa cúbica, comum nos séculos XVIII e XIX, apresenta pintura de estética rocaille, de oficina regional. O grande destaque vai para o retábulo-mor, de talha dourada e policromada, de estilo barroco. Nos nichos, três imagens do séc. XVIII, executadas em madeira estofada, policromada e dourada, destacando-se duas de boa oficina: “São Pedro”, com resplendor de prata, de grandes dimensões, fazendo jus ao órgão da capela, e “São Pedro Xavier”, o apóstolo do Oriente, e um “Santo António” de oficina mais popular. Junto à sacristia, existe uma pia de água benta em cantaria bem lavrada, com conchas da ilha e, no exterior, o adro é calcetado a calhau rolado, constando a figura de uma caravela, como referência ao santo protetor dos navegantes.
CAPELA DE NOSSA SENHORA DA GRAÇA
Lugar de peregrinações e romagens, desde tempos remotos, esta ermida rural situa-se no sítio das Casinhas. Desconhece-se a data precisa da sua construção devido aos roubos dos livros e arquivos porto-santenses pelos piratas. No entanto no seu interior encontra-se uma imagem de “Nossa Senhora da Graça”, uma obra quinhentista de oficina flamenga, em madeira estofada, dourada e policromada, descrita por Gaspar Frutuoso em 1583, apontando-se para 1813 a sua última reconstrução.
CAPELA DA MISERICÓRDIA
Da capela da Misericórdia há informações desde 1605, mas a sua construção datará do séc. XVI na senda das fundações das misericórdias e da sua importância junto das comunidades. Conhece-se um inventário datado de 1732, no qual se atesta a riqueza patrimonial da Misericórdia do Porto Santo, com a listagem de crucifixos, cálices, castiçais, cruzes, retábulos, frontais e, em 1793, foram inventariadas as propriedades da Misericórdia, pois esta recebia para além de legados pios, outros bens. A capela da Misericórdia é de traça maneirista, de planta longitudinal e de nave única, com capela-mor mais estreita e baixa. No interior tem um retábulo de estética rococó anotando-se superfícies e colunas decoradas com marmoreados, com a técnica de escaiola. Retábulo rematado com cartela rocaille, estruturado com dois pares de colunas e ático recortado. Tem no centro uma pintura, “Visitação”, e algumas imagens devocionais. É iluminado por frestas ou janelas rampadas. O arco triunfal apresenta pedra de fecho com os instrumentos da Paixão esculpidos. O portal é de arco de volta perfeita, com cornija saliente, retilínea, sobrepujada por janela retangular, moldurada com cantaria cinzenta, e encimada pelas armas nacionais esculpidas em pedra. Remata em empena com cruz. Anexo está o edifício onde funcionou a Misericórdia.
CAPELA DE SANTA CATARINA
A capela de Santa Catarina está situada dentro do cemitério e é uma reconstrução do séc. XIX, estando documentadas obras em 1838, seguindo-se outras. No entanto, no portal observam-se colunelos e capitéis tipicamente góticos, executados em cantaria vermelha, que deverão ser da primitiva construção, como base dos colunelos em ponta de diamante, capitéis decorados com esferas salientes. O portal é de arco pleno, executado em cantaria cinzenta, encimando por imposta, e sobrepujado por óculo circular. No interior está um altar, simples, em madeira com pequenos apontamentos de dourado e efeitos de marmoreados, segundo técnica de escaiola. O acesso à capela faz-se por uma alameda arborizada, com chão em calhau rolado conjugado em decoração geométrica. Destaca-se a utilização de cantaria do Porto Santo, para além de outros materiais.