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Diversidade de Espécies e Ecossistemas
DIVERSIDADE DE ESPÉCIES
A biodiversidade terrestre distribui-se por vários ecossistemas, desde o nível do mar até às zonas de maior altitude, na ilha e nos ilhéus, dos ambientes mais naturais até às zonas humanizadas, onde se incluem os sistemas agroflorestais com os típicos muros de croché, muros e muretes de pedra emparelhada, terraços ou poios, canais de irrigação, a que acrescem obras de correção torrencial e represas.
Nesta diversidade biológica estão identificados 396 táxones endémicos (310 espécies, 84 subespécies e duas variedades), o equivalente a 24% do total, o que representa uma elevada taxa de endemismos.
Nos endemismos é de realçar a existência de 21 géneros endémicos, dos quais nove são exclusivos do Porto Santo, nomeadamente Rhinothripiella nos artrópodes e Callina, Hystricella, Idiomela, Lampadia, Lemniscia, Pseudocampylaea, Serratorotula e Wollastonaria nos gastrópodes, os restantes doze endemismos são comuns à Madeira e compreendem Esuridea, Ellipsodes e Hadrus nos artrópodes; sete géneros nos gastrópodes (Boettgeria, Amphorella, Actinella, Caseolus, Discula, Spirorbula, Staurodon); Monizia e Chamaemeles nas plantas vasculares, alguns com categorias taxonómicas infraespecíficas exclusivas da Reserva proposta, como por exemplo Monizia edulis subsp. santosii.
Na biodiversidade terrestre, os animais dominam com 961 táxones, representando 58% da diversidade total e apresentam 319 endemismos. Nos invertebrados (892 táxones), os artrópodes são os que contemplam maior número de táxones (769) e de endemismos (201), seguindo-se os gastrópodes com 123 táxones e 103 endemismos. Em contraposição, os vertebrados detêm menor diversidade específica, contemplando 69 táxones com 15 endemismos distribuídos por três classes: mamíferos (oito), répteis (dois) e a aves (59).
Quanto à biodiversidade marinha, contempla 453 táxones, com oito táxones endémicos da Macaronésia, seis espécies de peixes, nomeadamente a castanheta-preta (Abudefduf luridus), o peixe-cão (Bodianus scrofa), a truta-verde (Centrolabrus trutta), a moreia-preta (Muraena augusti), o peixe-carneiro (Scorpaena canariensis) e o badejo (Mycteroperca fusca) e dois táxones de aves, a gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis atlantis) e o pintainho [Puffinus lherminieri (P. assimilis)].
No mar, merecem também destaque a tartaruga-comum (Caretta caretta) e o lobo-marinho (Monachus monachus), duas espécies prioritárias do Anexo II da Diretiva Habitats, o golfinho-roaz (Tursiops truncatus), inscrito no Anexo II dessa diretiva e outras espécies de cetáceos listadas no Anexo IV como o golfinho-comum-de-bico-curto (Delphinus delphis), o golfinho-pintado (Stenella frontalis) e o cachalote (Physeter macrocephalus), entre outras.
DIVERSIDADE DE ECOSSISTEMAS
Apresenta ecossistemas terrestres, costeiros e marinhos característicos da Região Biogeográfica da Macaronésia. No ambiente terrestre merecem destaque os testemunhos da flora e fauna de florestas que predominaram na Europa no Terciário. No ambiente costeiro e marinho são de realçar os fósseis que testemunham um período recifal também precursor da formação de dunas.
Na interface mar-terra encontramos os sistemas dunares litorais que são dinâmicos, complexos e dotados de mobilidade devido à localização que ocupam. Estes constituem uma proteção natural das terras emersas à ação erosiva das ondas e apresentam uma interessante vegetação halófita e psamófila.
Contrastando com o extenso areal a sul, na vertente norte dominam as arribas recortadas por pequenas baías. Estas escarpas apresentam acumulações de blocos de rocha rolada e albergam uma flora endémica característica das costas macaronésicas, encontrando-se pouco ou nada humanizadas devido à sua inacessibilidade e por tal não terem sido alvo de atividades humanas no passado. Nalgumas escarpas a nordeste sobrevivem os derradeiros zimbreiros silvestres (Juniperus turbinata subsp. canariensis).
De acordo com os dados do último inventário florestal da RAM (IFRAM2, com base em ortofotomapas de 2008), o uso do solo predominante no Porto Santo corresponde à fração de matos e herbáceas. As herbáceas assumem a principal componente dos espaços florestais, representando cerca de 60% da área, enquanto as áreas de floresta e outras zonas arborizadas representam cerca de 8%. No que concerne à distribuição espacial dos espaços florestais, as zonas com floresta e outras áreas arborizadas surgem principalmente no extremo SW, cobrindo áreas do Pico de Ana Ferreira e dos Morenos e nas zonas do sistema montanhoso do sector NE, contemplando os Picos do Castelo, do Facho, Gandaia, Juliana e o Pico Branco na costa voltada a leste.
A floresta e outras áreas arborizadas surgem principalmente próximo do Pico de Ana Ferreira, do Pico do Castelo e demais relevos do sector nordeste da ilha. Os picos, alguns agrestes, correspondem a afloramentos rochosos de maior resistência à erosão e contemplam um coberto florestal composto na maioria por espécies exóticas perenifólias. No sopé, persiste uma vegetação secundária dominada pelo arbusto endémico figueira-do-inferno (Euphorbia piscatoria), que corresponde a vestígios de florestas de Olea e Ceratonia. Nas cotas de maior altitude, dos picos do Facho e Gandaia e Pico Branco, sobrevivem testemunhos de laurissilva e uma vegetação pioneira característica de rochas siliciosas.
O Pico Branco e sua área envolvente, que corresponde à ZEC PTPOR0002, alberga flora e fauna únicas no mundo, habitats típicos da Macaronésia e paisagens de excecional valor cénico. Da sua biodiversidade, são de realçar espécies de plantas e animais ao abrigo das Diretivas Habitats e Aves, bem como os habitats prioritários, nomeadamente Charnecas macaronésicas endémicas, Laurissilvas macaronésicas e Florestas endémicas de Juniperus spp. A sua área de 135,5ha assume relevada importância no âmbito da salvaguarda e valorização do património natural da Reserva candidata.
Nas ribeiras e barrancos dispersos pela ilha são típicos os cursos de água mediterrânicos com carácter intermitente. Embora a vegetação das margens seja composta maioritariamente por espécies introduzidas como as tamargueiras (Tamarix gallica) e os silvados (Rubus spp.), esta contempla uma flora nativa importante. Das plantas autóctones presentes, merece destaque Ruppia maritima, restrita à Ribeira da Serra de Dentro e Ribeira do Tanque. Esta planta aquática, é característica da classe de vegetação Ruppietea maritimae, e na Madeira apenas está identificada para a Reserva candidata. Por sua vez, o ecossistema dunar, Dunas fixas com vegetação herbácea, considerado habitat prioritário da Diretiva Habitats, alberga uma flora endémica que urge preservar.
Os espaços agroflorestais têm uma expressão muito significativa no território, cerca de 74%, e abrangem sobretudo a área central da Ilha do Porto Santo e áreas dispersas. A componente agrícola cobre cerca de 6% do território da ilha, num cenário de paisagem humanizada, integrando pequenas propriedades de produção em pequena escala, retalhadas por “muros de croché”, que protegem as videiras ou as hortícolas, principais produções do quotidiano do Porto-santense.
O Porto Santo contempla vários tipos ou representantes de habitats terrestres, costeiros e marinhos, alguns enumerados no Anexo I da Diretiva Habitats, dos quais merecem destaque pela sua representatividade: 1110 Bancos de areia permanentemente cobertos por água de mar pouco profunda; 1140 Lodaçais e areias a descoberto na maré baixa; 1160 Enseadas e baías pouco profundas; 1250 Falésias com flora endémica das costas macaronésias; 2130 Dunas fixas com vegetação herbácea; 8220 Vertentes rochosas siliciosas com vegetação casmofítica.