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Artesanato
O artesanato local está numa fase de latência, tendo vindo a diminuir o número de artesãos ativos decorrente da sua idade avançada. Talvez fruto dos tempos, não se tem verificado por parte dos mais novos, interesse em abraçar este tipo de atividade, que requer arte, paciência e, acima de tudo, paixão pelo que se faz. De seguida seguem alguns exemplos do artesanato local.
Os palmitos, folhas tenras da palmeira-das-Canárias (Phoenix canariensis), depois de secos e sujeitos a vários tratamentos, são transformados em tiras com as quais se produzem tranças que são posteriormente cosidas e devidamente moldadas pelo artesão, dando origem a belos chapéus e carteiras. Por sua vez, os palmitos frescos, feitos a partir das folhas mais tenras e depois de bordados são bastante procurados para a procissão do Domingo de Ramos, na Páscoa.
A cestaria em canavieira (Arundo donax) é uma arte que exige paciência, mão forte e habilidosa. Além da cestaria, os colmos da planta têm inúmeras aplicações, servindo para rocas, canas de pescar, apoio de plantas trepadeiras, tapagens para vinhas e hortas, hastes para esteiras de armação de barracas, para proteção dos raios solares, estacas para as videiras à maneira tradicional do Porto Santo, pequenas latadas para tomateiros, armadilhas para lagartixas, recipientes para rapé, tapa-ventos, subcoberturas e divisórias das antigas “casas de salão” e, “tabiques”, covos para pesca, construção de carrinhos de cana, feitura de apitos e de pifos, gaitas, instrumentos musicais dos amola-tesouras, armações para joeiras, construção de moinhos de cana com velas, enfeites nas fontes pelas noites de São João, entre muitos outros usos. Na atualidade é ainda usada como sebe de proteção dos vinhedos e das dunas da praia, bem como forragem para animais.
Segundo consta, era no Porto Santo que existia a maior variedade de barro como argila, pozolana, grêda, marga, e se fabricavam os espessos e resistentes tijolos que foram aplicados na construção da fortaleza do Pico do Castelo e nas residências de refúgio. O barro cru (salão) foi outrora aplicado na cobertura de antigas vivendas pobres que, no verão gretavam abrindo fendas, mas que às primeiras chuvas se fechavam não deixando penetrar água. Ainda no Porto Santo, chegou a haver laboração de telhas, comercializadas com a marca S.V., iniciais de Sebastião de Vasconcelos. Ademais, alguns artesãos, aproveitando os recursos naturais existentes, também se dedicaram à arte de trabalhar o barro, existindo a tradição do fabrico de pastores, entre outras figuras. Se antigamente eram moldadas à mão e secas ao sol, hoje são maioritariamente torneadas com o auxílio da roda de oleiro e com o recurso ao forno para a sua cozedura. Algumas peças estão expostas no Museu Etnográfico da Madeira e na Casa Museu Frederico de Freitas.
Em tempos que já lá vão, as mulheres e raparigas dedicavam-se ao bordado da Madeira no Porto Santo, como uma das atividades de subsistência. Conta-se que, chegado o responsável do bordado à ilha, as mulheres corriam até à praia para receber as encomendas. Sendo grande o número de bordadeiras, eram escolhidas as de maior arte e de ofício célere, constituindo esta ocupação o sustento de muitas famílias no passado.
Com origens no séc. XVI, a calçada madeirense, anterior à calçada portuguesa, utilizava seixos pretos e brancos, de basalto e de calcário recifal, respetivamente, recolhidos nas praias e calhaus do arquipélago. Esta técnica de revestimento do piso, está presente ainda nos dias de hoje em diversos locais da Ilha do Porto Santo, constituindo uma referência histórica e patrimonial da ilha e refletindo a geodiversidade litológica do local. No largo do Pelourinho, nos adros de todas as igrejas e em diversos edifícios, são frequentes as manifestações artísticas dos calceteiros, através dos apelidados “bordados de pedra a preto e branco”.
Acresce referir outras peças de artesanato típicas, como sejam as miniaturas dos moinhos de vento e trabalhos elaborados com conchas do areal. Não obstante a tradição que se mantém, nos últimos tempos têm surgido trabalhos artesanais criativos que ganham novas formas de expressar a arte, cultura e identidade local. Parte do artesanato está exposto no centro da cidade, na Loja do Profeta, onde para além da sua divulgação é comercializado.